Artigo: Os moinhos venceram, mas Taquaritinga entrou no silencioso….

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Por: Gustavo Girotto* e Raphael Anselmo**

— Quais gigantes? — disse Sancho Pança.

— Aqueles que ali vês — respondeu o amo — de braços tão compridos, que alguns os têm de quase duas léguas.

— Olhe bem Vossa Mercê — disse o escudeiro – que aquilo não são gigantes, são moinhos de vento; e os que parecem braços não são senão as velas, que tocadas do vento fazem trabalhar as mós.

Lutar contra moinhos de vento foi uma expressão usada por Miguel de Cervantes, que acabou por se tornar um termo universal. Por anos, usamos números para apontar o desempenhos de alguns prefeitos e, por meio deles, também desaprovar seus malfeitos administrativos.

É lamentável ver o que Taquaritinga se transformou e, pior, é ensurdecedor o silêncio monástico mesmo diante do apontamento da menção do Ministério Público do Estado de São Paulo que denotou   “indícios de corrupção entre os poderes Executivos e Legislativo”. É como se nada tivesse acontecido, observem.

O prefeito, que não foi eleito pelo voto popular, e aprovou as contas do afastado ex-prefeito, disse em uma rádio “que isso era coisa do passado”. Do futuro, deve ser a continuação da barganha política, conhecida como “toma lá, dá cá”;  prática comum que foi implementada e relativizada localmente.

Não há números que evidenciam, ainda nesse momento, o buraco inacreditável, desesperançoso e extremamente triste que a cidade está sendo empurrada. E a sujeita está em cima do tapete – só não vê, que não quer, ou é conivente. Só saíram de cargos pretensos candidatos – o resto continua na conta – e os substituídos são questionáveis.

Alguns depositam a esperança na evolução da manifestação do judiciário que, pelo seus motivos, em algum momento, deve trazer novas evidências sobre novos fatos. É preciso admitir: fomos derrotados pelos moinhos enferrujados da política taquaritinguense. Muitos deles, ainda, correrão para o centro do tabuleiro da próxima eleição. A campanha das redes sociais, de autopromoção, agora começou com o exibicionismo exagerado.

Não precisa ser esperto para perceber o que aconteceu: o afastamento de um prefeito não é efetivo, quando o delito partidário é continuado. É o mesmo governo, mas com uma demão de verniz. E, as páginas e os microfones, infelizmente entram no modo silencioso. E nós também, pelo cansaço. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão – e muito menos uma carga de cesta básica (…)

*Gustavo Girotto é taquaritinguense e jornalista

**Raphael Anselmo é taquaritinguense e economista

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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